18/02/2016

EXCLUSIVO - ENTREVISTA COM O DIRETOR DE CINEMA BERNARD ATTAL



Da Redação

O Blog Ligação Direta com exclusividade entrevistou o Diretor Bernard Attal, um frances que adotou a Bahia e com sua arte, sensibilidade e muita criatividade colocou Itajuípe na rota do cinema nacional com a Coleção Invisivel, produção que vem ganhando importantes premios em diversos festivais



Bernard em primeiro lugar é um prazer entrevista-lo nessa matéria especial para o Blog Ligação Direta...

R –  O prazer é meu, Otávio. É sempre bom de poder conversar diretamente ou indiretamente  com os Itajuipênses.



Esta mais que comprovado que é um amante do cinema, quando você percebeu que poderia ir bem mais além do que um mero espectador ?

R. Eu comecei a gravar filmes em super 8 como criança, mas depois me desencaminhei achando que queria ser ator. Fui ator mirim, fiz cinema e teatro, e finalmente percebi que não era meu destino depois de alguns anos. Mas essas experiências me ajudaram a entender e apreciar o processo de dirigir uma obra.



E quando você percebeu que poderia realizar esse trabalho no Brasil, haja visto que sendo um francês, encontrou portas mais abertas ou fechadas por essa condição ?

R –  Encontrei portas mais abertas. Demorei vinte anos perseguindo outros caminhos profissionais ate me dedicar a fazer filmes, e ficarei eternamente grato ao Brasil e a Bahia de ter me oferecido a oportunidade de realizar meu sonho.



O Brasil com uma diversidade enorme na sua cultura por conta das diferentes regiões poderia ser mais valorizada, sobretudo no que diz respeito a investimentos, para que pudesse chegar mais próximo das pessoas independente da condição social e financeira ?

R – Acho que o Brasil precisa saber valorizar melhor sua cultura e seu patrimônio histórico. Temos muito orgulho de nosso futebol mas não estamos se dando conta que temos uma riqueza impressionante na criatividade das pessoas e nas nossas raízes. Minha família brasileira (do lado da minha esposa) mora na periferia de Salvador e quando vou visita-los, fico admirando a beleza dos grafitis que se criam aqui e lá, essa arte de rua espontânea.



A cidade de Itajuípe por conta da rica historia da civilização do cacau e também por ser terra natal de um acadêmico, Adonias Filho tem uma veia cultural muito forte, teve algum outro fator que fez A coleção invisível ter a cidade como cenário ?

R – O principal fator foi que a cidade protegeu melhor seu patrimônio histórico do que muitas outras cidades da Região. Ainda se encontra os armazéns originais, os bairros históricos, a cidade não se descaracterizou apesar da crise do cacau.



E como foi pra você ter dirigido um dos maiores atores da dramaturgia do Brasil, Walmor Chagas em seu ultimo trabalho ?

R – Foi um presente. Ate hoje, não acredito na minha sorte de ter tido essa oportunidade. Walmor era muito fácil de dirigir, fazia na hora o que você precisava, e sempre buscou valorizar seus parceiros.



O longa A coleção invisível  venceu quatorze prêmios em festivais no Brasil, Estados Unidos, Colômbia e na Europa, e mais recente contemplada pelo edital Prodav 7 de suporte automático pelo desempenho artístico da sua produção, A Coleção Invisível. O filme obteve a quarta maior pontuação na classificação do Fundo Setorial Audiovisual da Agência Nacional de Cinema por conta das premiações como você recebe essa importante noticia ?

R – É o reconhecimento de anos de trabalho. Quando você faz filmes, você nunca sabe se vai dar certo ou não. Mesmo com um bom roteiro e bons atores, você pode errar na mão. Depois você precisa enfrentar todas as dificuldades para projetar e distribuir uma obra realizada na Bahia, o que é muito mais difícil do que no Sul do pais. Então quando você recebe prémios, você fica aliviado de ter feito um trabalho na altura do talento da sua equipe e das pessoas que se confiaram em você.

Cartaz promocional - A finada mãe da madame
 O que o publico pode esperar do seu novo trabalho a comédia A Finada Mãe da Madame  que terá a atriz Angela Vieira num dos personagens central e mais uma vez a Bahia será o cenário ?

R – É uma comedia cujos acontecimentos ocorrem numa noite só.  A Bahia é um lugar muito divertido, as pessoas tem um senso de humor único. Então, resolvi aproveitar desses traços que não são muito retratados no cinema aqui.



Como foi a idealização desse novo projeto ?

R -  Eu montei a peça, que serve de base para o filme, no teatro em 2013. Vi que funcionou com o público. Então retomei a historia, ampliei e adaptei para a Bahia dos anos 70.



Pra encerrar, o que você diria para alguém que pensa em trilhar esse caminho do cinema ?

R -  Se você se dedica, tudo é possível. Não há barreiras que você não pode enfrentar para realizar seus sonhos, a não ser sua próprias barreiras internas. Precisa-se assistir muitos filmes, ler muito, e aprender a escutar e a olhar.