Em entrevista ao portal do UOL sobre a delação dos executivos da empreiteira Andrade Gutierrez,
o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e novo presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, mostra preocupação com
o fato, classificado por ele como inédito e que, segundo o próprio, tem
sido chamado de “lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral”.
“Nessa proporção é algo inédito. Claro que não foi inaugurado agora,
mas nessa sistematicidade é um caso inédito. É negociado, de forma
clara: dinheiro será dado, nesse percentual, a título de doação legal,
mas na verdade é algo previamente combinado. Isso é realmente grave, vai
causar certamente embaraço para a Justiça Eleitoral. Muitos têm falado
de uma lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral”, afirma o ministro, que
também ressalta a importância de uma discussão sobre reforma política.
“É um outro tipo de configuração, é uma situação muito séria. Isso
obriga a discutir a reforma não só do sistema de financiamento
eleitoral, mas do sistema político como um todo.”
Apesar de frisar a gravidade do conteúdo da delação da Andrade
Gutierrez, o ministro adota uma posição crítica em relação aos
vazamentos de delações e grampos telefônicos na Operação Lava Jato. Para
ele, há abusos e falta eficácia à legislação para conter as informações
sigilosas.