O ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Miguel Jorge
admitiu em depoimento à Polícia Federal que levou ao então presidente
Luiz Inácio Lula da Silva uma demanda do lobista Mauro Marcondes, preso
durante a Operação Zelotes.
Os investigadores apresentaram e-mails trocados entre Marcondes e
ele, datados de 2008, quando Jorge comandava a pasta de Desenvolvimento.
De acordo com o próprio ex-ministro, o lobista, que representava a
montadora Scania, dizia-se temeroso com uma mudança nas normas de
emissão de poluentes de veículos movidos a diesel.
Por uma determinação do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), o
Brasil teria que se adequar ao chamado Padrão Euro IV, que estabelecia
uma redução dos níveis de poluição desses veículos. Marcondes
argumentava, segundo o ex-ministro, preocupação com o risco de que a
Petrobras não colocasse no mercado um combustível compatível com a nova
norma, antes do prazo para que o padrão Euro IV começasse a valer.
Miguel Jorge admite que levou a demanda de Marcondes à Lula. Segundo
ele, porém, nada foi alterado: o prazo para a adequação foi mantido, e a
estatal passou a disponibilizar o diesel menos poluente a tempo. “Eu
falei com o presidente Lula sobre a preocupação do setor, que me foi
passada pelo Marcondes. Mas não houve pedido nenhum. E, na ocasião, Lula
disse apenas que essa questão era um problema da Petrobras”, afirmou
Jorge. Informações do jornal Folha de S. Paulo.