Da Redação
O Blog Ligação Direta com exclusividade entrevistou o Diretor Bernard Attal, um frances que adotou a Bahia e com sua arte, sensibilidade e muita criatividade colocou Itajuípe na rota do cinema nacional com a Coleção Invisivel, produção que vem ganhando importantes premios em diversos festivais
Bernard em primeiro lugar é um prazer entrevista-lo nessa
matéria especial para o Blog Ligação Direta...
R – O prazer é meu, Otávio. É sempre bom de poder
conversar diretamente ou indiretamente com os Itajuipênses.
Esta mais que comprovado que é um amante do cinema, quando
você percebeu que poderia ir bem mais além do que um mero espectador ?
R. Eu comecei a gravar filmes em
super 8 como criança, mas depois me desencaminhei achando que queria ser ator.
Fui ator mirim, fiz cinema e teatro, e finalmente percebi que não era meu
destino depois de alguns anos. Mas essas experiências me ajudaram a entender e
apreciar o processo de dirigir uma obra.
E quando você percebeu que poderia realizar esse trabalho no
Brasil, haja visto que sendo um francês, encontrou portas mais abertas ou
fechadas por essa condição ?
R – Encontrei portas mais abertas. Demorei vinte
anos perseguindo outros caminhos profissionais ate me dedicar a fazer filmes, e
ficarei eternamente grato ao Brasil e a Bahia de ter me oferecido a
oportunidade de realizar meu sonho.
O Brasil com uma diversidade enorme na sua cultura por conta
das diferentes regiões poderia ser mais valorizada, sobretudo no que diz
respeito a investimentos, para que pudesse chegar mais próximo das pessoas
independente da condição social e financeira ?
R – Acho que o Brasil precisa
saber valorizar melhor sua cultura e seu patrimônio histórico. Temos muito
orgulho de nosso futebol mas não estamos se dando conta que temos uma riqueza
impressionante na criatividade das pessoas e nas nossas raízes. Minha família
brasileira (do lado da minha esposa) mora na periferia de Salvador e quando vou
visita-los, fico admirando a beleza dos grafitis que se criam aqui e lá, essa
arte de rua espontânea.
A cidade de Itajuípe por conta da rica historia da
civilização do cacau e também por ser terra natal de um acadêmico, Adonias
Filho tem uma veia cultural muito forte, teve algum outro fator que fez A
coleção invisível ter a cidade como cenário ?
R – O principal fator foi que a
cidade protegeu melhor seu patrimônio histórico do que muitas outras cidades da
Região. Ainda se encontra os armazéns originais, os bairros históricos, a
cidade não se descaracterizou apesar da crise do cacau.
E como foi pra você ter dirigido um dos maiores atores da
dramaturgia do Brasil, Walmor Chagas em seu ultimo trabalho ?
R – Foi um presente. Ate hoje,
não acredito na minha sorte de ter tido essa oportunidade. Walmor era muito
fácil de dirigir, fazia na hora o que você precisava, e sempre buscou valorizar
seus parceiros.
O longa A coleção invisível
venceu quatorze prêmios em festivais no Brasil, Estados Unidos, Colômbia
e na Europa, e mais recente contemplada pelo edital Prodav 7 de suporte
automático pelo desempenho artístico da sua produção, A Coleção Invisível. O
filme obteve a quarta maior pontuação na classificação do Fundo Setorial
Audiovisual da Agência Nacional de Cinema por conta das premiações como você
recebe essa importante noticia ?
R – É o reconhecimento de anos
de trabalho. Quando você faz filmes, você nunca sabe se vai dar certo ou não.
Mesmo com um bom roteiro e bons atores, você pode errar na mão. Depois você
precisa enfrentar todas as dificuldades para projetar e distribuir uma obra
realizada na Bahia, o que é muito mais difícil do que no Sul do pais. Então
quando você recebe prémios, você fica aliviado de ter feito um trabalho na
altura do talento da sua equipe e das pessoas que se confiaram em você.
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Cartaz promocional - A finada mãe da madame |
O que o publico pode esperar do seu novo trabalho a comédia
A Finada Mãe da Madame que terá a atriz
Angela Vieira num dos personagens central e mais uma vez a Bahia será o cenário
?
R – É uma comedia cujos
acontecimentos ocorrem numa noite só. A
Bahia é um lugar muito divertido, as pessoas tem um senso de humor único.
Então, resolvi aproveitar desses traços que não são muito retratados no cinema
aqui.
Como foi a idealização desse novo projeto ?
R - Eu montei a peça, que serve de base para o
filme, no teatro em 2013. Vi que funcionou com o público. Então retomei a
historia, ampliei e adaptei para a Bahia dos anos 70.
Pra encerrar, o que você diria para alguém que pensa em
trilhar esse caminho do cinema ?
R - Se você se dedica, tudo é possível. Não há
barreiras que você não pode enfrentar para realizar seus sonhos, a não ser sua
próprias barreiras internas. Precisa-se assistir muitos filmes, ler muito, e
aprender a escutar e a olhar.